Carta da Tenda Rachel Carson pede agroecologia como prioridade total

por Pedro Biondi, com informações da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Ao fim do 13º CBA, entidades, movimentos e representantes do governo aprovaram documento contra os agrotóxicos e em defesa da vida, que pede a eliminação das barreiras ao modelo agroecológico

Durante os quatro dias do 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), em Juazeiro (BA), a Tenda Rachel Carson reuniu organizações, movimentos sociais e representantes do governo federal em torno da luta contra os agrotóxicos e em defesa da vida. As discussões resultaram numa carta que afirma a possibilidade de a agroecologia poderia se transformar num modelo de produção hegemônico e que é necessário eliminar as barreiras ao seu avanço.

Na tenda, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida – com participação da FIAN Brasil –, a Campanha em Defesa do Cerrado e o GT Agrotóxico da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) realizaram debates sobre o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), biotecnologias, saberes tradicionais e justiça socioambiental, ecoando também denúncias de violações de direitos. Anunciaram, ainda, estratégias que fortalecem e fazem florescer a agroecologia nos biomas, como o lançamento do Trieiro de Saberes dos Cerrados e a celebração da memória do cineasta Silvio Tendler.

Segundo a carta, os debates apontaram para:

  • A urgência da efetivação de ações concretas a partir do Pronara;
  • A necessidade de participação mais efetiva da sociedade nos fóruns de Combate aos Agrotóxicos e Transgênicos;
  • A comprovação dos impactos dos agrotóxicos sobre os territórios e seus povos e o descomprometimento político no reconhecimento da ciência que os investiga;
  • A importância de engajar a sociedade na luta contra o veneno e pela agroecologia;
  •  A necessidade de uma estratégia unificada de resposta às contaminações que acontecem nos territórios;
  • A eficácia dos tribunais populares contra os agrotóxicos;
  • A proposta de uma moratória para os micro-organismos geneticamente modificados (MGMs), com respeito à Lei de Biossegurança, revisão das normativas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e escuta de mais segmentos relevantes no tema.

“Seguimos em luta, e saudamos a importância e a grandeza do 13o CBA, com suas mais de 5000 pessoas inscritas, provando que o Brasil já possui pessoas suficientes para transformar a agroecologia em um modelo de produção hegemônico”, registra o documento coletivo. “É preciso eliminar as barreiras que impedem o avanço da agroecologia, e sobretudo direcionar todos os recursos públicos investidos no modelo de morte do agronegócio para a agroecologia.”

Leia a carta da Tenda Rachel Carson.