
O site da FIAN está passando por uma reformulação! Ainda assim, neste momento, você pode ter acesso a todo nosso conteúdo. Aguardamos em breve seu retorno ao site renovado!
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Com pés firmes na terra e olhos voltados para o futuro, as novas gerações indígenas seguem fortalecendo lutas e renovando compromissos com os territórios e os direitos dos povos. Durante o 10º Encontro da Juventude Indígena Guarani-Kaiowá e Ñandeva, realizado em Antônio João (MS), a FIAN Brasil facilitou a oficina “Juventude que planta ideias, colhe mudanças”, reunindo centenas de jovens em um momento de diálogo, partilha e construção coletiva. O encontro aconteceu na Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, território sagrado e símbolo de resistência.
Para Jaquielison da Silva (foto), que participou da oficina, a atividade foi uma aula:
“Essa atividade vem como um suporte para nós, porque precisamos olhar de novo lá atrás, como é importante a participação da comunidade e dos jovens na valorização dos nossos alimentos tradicionais. Foi uma troca de ideias, uma produção de conhecimento. Os jovens mostraram suas realidades, seus territórios e como valorizam os alimentos tradicionais. Foi essencial para nós, um exemplo e um suporte.”
A jovem Acsa (foto) destacou o intercâmbio entre os grupos como um ponto forte da dinâmica: “Saber o que os outros territórios estão plantando e como os jovens estão se envolvendo foi muito bom. Por exemplo, a gente costuma plantar mandioca e aí já começamos a trocar entre nós, dar dicas, contar histórias”.
Informação: ferramenta de luta
A oficina começou com uma conversa sobre as políticas públicas voltadas à alimentação e à agricultura nos territórios indígenas. A equipe da FIAN Brasil apresentou o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA Indígena), contextualizando sua importância e convidando os jovens a refletirem sobre suas vivências.
“Colocamos algumas questões reflexivas sobre o cotidiano e as realidades locais e regionais, para a partir das demandas territoriais atuar junto aos jovens em processos de incidência política para garantia de seus direitos e no acesso a políticas públicas e aos mercados institucionais”, explica Luana Cunha, assessora de Políticas Públicas da FIAN Brasil.
Em seguida, os jovens se dividiram em quatro grupos de diálogo, com cartazes de tecido e tintas coloridas, onde partilharam experiências, denúncias e sonhos relacionados à produção, ao acesso à alimentação e ao direito às políticas públicas. Ao final, apresentaram suas criações em forma de palavras, desenhos e símbolos, compondo painéis colaborativos que traduzem a diversidade dos territórios e a força da organização indígena.
Construção coletiva, articulação e futuro
A atividade foi construída em parceria com a própria RAJ, instância organizativa da juventude Guarani Kaiowá e Ñandeva. Para Adelar Cupsinski, assessor de Direitos Humanos da FIAN Brasil, a juventude demonstrou energia, compromisso e articulação. “Eles compartilharam saberes, narraram vivências. A luta pelo território é essencial, mas também é urgente que as políticas públicas cheguem para fortalecer essas comunidades. Participar desse processo é garantir o presente e projetar o futuro das novas gerações.”
Paula Gabriela Chianca, também da equipe da FIAN Brasil, reforça a potência do encontro: “Superou nossas expectativas. Foi muito bonito ver a troca entre os Guarani e Kaiowá e os Terena de diferentes territórios, a diversidade de alimentos plantados, os modos tradicionais de cultivo. Conseguimos mapear práticas, denúncias, e isso nos ajuda a apoiar a mobilização local, especialmente em torno do PAA Indígena recém-lançado. Nosso trabalho não se encerra na oficina e seguiremos em parceria pelo Dhana [direito humano à alimentação e à nutrição adequadas].”
Conhecimento compartilhado
A sistematização da experiência será parte da devolutiva à comunidade e a outras organizações. Como explica Débora Olimpio, assessora de Alimentação Escolar pela FIAN: “Estamos sistematizando a experiência dessa oficina para compartilhar publicamente. Avaliamos que ela pode ser reaplicada não apenas por nós, mas por organizações parceiras, que podem adaptá-la às suas realidades e necessidades de cada território e público.”
Documento final: soberania alimentar é prioridade
O encontro foi encerrado no sábado (26), e nesta segunda-feira (28) a Retomada Aty Jovem (RAJ) tornou público o documento final do evento, no qual reafirma como prioridade a alimentação escolar e a soberania alimentar. Cupsinski destaca que o processo de escuta e construção conjunta com a RAJ foi essencial para a juventude se apropriar do tema: “Esse documento final é um instrumento de luta por direitos para a juventude. A FIAN Brasil, como organização apoiadora, seguirá firme na incidência política que garanta que esses direitos se tornem realidade.”
O texto da RAJ também denuncia o avanço da violência institucional e os ataques aos direitos dos povos originários: “Não aceitaremos retrocessos. Somos contra o Marco Temporal, contra qualquer forma de violência institucional e contra a apropriação dos nossos direitos garantidos na Constituição Federal de 1988. Nenhum palmo de terra será negociado. Nossos territórios são sagrados, e por eles seguiremos lutando.”
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